sexta-feira, 26 de junho de 2020

A Providência Divina



" Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido para cá; porque para conservação da vida, Deus me enviou adiante de vós. "
Gn 45:5

Depois de o Senhor Deus criar os céus e a terra (1:1), Ele não deixou o mundo À sua própria sorte.  Pelo contrário, Ele continua interessado na vida dos seus, cuidando da sua criação.  Deus não é como um hábil relojoeiro que formou o mundo, deu-lhe corda e deixa acabar essa corda lentamente até o fim; pelo contrário.  Ele é o Pai amoroso que cuida daquilo que criou.  O constante cuidado de Deus por sua criação e por seu povo é chamado, na linguagem doutrinal, a providência divina.

Há, pelo menos, três aspectos da providência divina.

(1) Preservação
Deus, pelo seu poder, preserva o mundo que Ele criou.  A confissão de Davi fica clara:  "A tua justiça é como as grandes montanhas; os teus juízos são um grande abismo; Senhor, tu conservas os homens e os animais " (Sl 36:6).  O poder preservador de Deus manifesta-se através do seu filho Jesus Cristo, conforme Paulo declara em Cl 1:17: Cristo "é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele".  Pelo poder de Cristo, até mesmo as minúsculas partículas de vica mantêm-se coesas.

(2) Provisão
Deus não somente o mundo que Ele criou, como também provê as necessidades das suas criaturas.  Quando Deus criou o mundo, criou também as estações (1:14) e proveu alimento aos seres humanos e aos animais (1.29,30).  Depois de o Dilúvio destruir a terra, Deus renovou a promessa da provisão, com estas palavras: "Enquanto a terra durar, sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão" (8.22).  Vários, dos salmos dão testemunho da bondade de Deus em suprir do necessário a todas as suas criaturas (Sl 104; 145).  O mesmo Deus revelou a Jó seu poder de criar e de sustentar (Jó 38-41), e Jesus asseverou em termos bem claros que Deus cuida das aves do céu e dos lírios do campo (Mt 6.26-30; 10:29).  Seu cuidado abrange, não somente as necessidades físicas da humanidade, como também as espirituais (Jo 3.16,17).  A Bíblia revela que Deus manifesta um amor e cuidado especiais pelo seu próprio povo, tendo cada um dos seus em alta estima (Sl 91).  Paulo escreve de modo inequívoco aos crentes de Filipos: "O meu Deus, segundo as suas riquezas, suprirá todas as vossas necessidades em glória, por Cristo Jesus" (Fp 4.19).  De conformidade com o apóstolo João, Deus quer que seu povo tenha saúde, e que tudo lhe vá bem.

(3) Governo
Deus, além de preservar sua criação e prover-lhe o necessário, também governa o mundo.  Deus como Soberano que é, dirige, os eventos da história, que acontecem segundo sua vontade permissiva e seu cuidado.  Em certas ocasiões, Ele intervém diretamente segundo o seu propósito redentor.  Mesmo assim, até Deus consumar a história, Ele tem limitado seu poder e governo supremo neste mundo.  As Escrituras declaram que Satanás é "o deus deste século" (2 Co 4.4) e exerce acentuado controle sobre a presente era maligna (Lc 13.16).  Noutras palavras, o mundo, hoje, não está submisso ao poder regente de Deus, mas, em rebelião contra Ele e escravizado por Satanás.  Note porém, que esta autolimitação da parte de Deus é apenas temporária;  na ocasião que Ele já determinou na sua sabedoria, Ele aniquilará Satanás e todas as hostes do mal (Ap 19-20).

A revelação Bíblia demonstra que a providência de Deus não é uma doutrina abstrata, mas que diz respeito à vida diária num mundo mau e decaído.  
Toda pessoa experimenta o sofrimento em certas ocasiões da vida e daí surge a inevitável pergunta "Por que?".   Essas experiências alvitram o problema do mal e do seu lugar nos assuntos de Deus.
Deus permite que os seres humanos experimentem as consequencias do pecado que penetrou no mundo através da queda de Adão e Eva.  José, por exemplo, sofreu muito por causa da inveja e da crueldade dos seus irmãos.  Foi vendido como escravo pelos seus irmãos e continuou como escravo de Potifar, no Egito (37:39).  Vivia no Egito uma vida temente a Deus, quando foi injustamente acusado de imoralidade, lançado no cárcere (39) e mantido ali por mais de dois anos (40.1-41.14).   Deus pode permitir o sofrimento em decorrência das más ações do próximo, embora Ele possa soberanamente controlar tais ações, de tal maneira que seja cumprida a sua vontade.  Segundo o testemunho de José, Deus estava agindo através dos delitos dos seus irmãos, para a preservação da vida.
Não somente sofremos as consequencias dos pecados dos outros, como também sofremos as consequencias dos nossos próprios atos pecaminosos.  Por exemplo: o pecado da imoralidade e do adultério, frequentemente resulta no fracasso do casamento e da família do culpado.  O pecado da ira desenfreada contra outra pessoa pode levar à agressão física, com ferimentos graves ou até mesmo o homicídio de uma das partes envolvidas, ou de ambas.  O pecado da cobiça pode levar ao furto ou desfalque e daí à prisão e cumprimento de pena.
O sofrimento também ocorre no mundo porque Satanás, o deus deste mundo, tem permissão para executar a sua obra de cegar as mentes dos incrédulos e de controlar as suas vidas (2 Co 4.4).  O NT está repleto de exemplos de pessoas que passaram por sofrimento por causa dos demonios que as atormentavam com aflição mental ou com enfermidades físicas.

Dizer que Deus permite o sofrimento não significa que Deus origina o mal que ocorre neste mundo, nem que Ele pessoalmente determina todos os infortúnios da vida.  Deus nunca é o instigador do mal ou da impiedade (Tg 1.13).  Todavia, Ele, às vezes, o permite, o dirige e impera soberanamente sobre o mal a fim de cumprir a sua vontade, levar a efeito seu propósito redentor e fazer com que todas as coisas contribuam para o bem daqueles que lhe são fiéis.

O crente para usufruir os cuidados providenciais de Deus em sua vida, tem responsabilidades a cumprir, conforme a Bíblia revela.
Ele deve obedecer a Deus e à sua vontade revelada.  No caso de José, por exemplo, fica claro que por ele honrar a Deus, mediante sua vida de obediência, Deus honrou ao estar com ele.  Semelhantemente, para o próprio Jesus desfrutar do cuidado divino protetor ante as intenções assassinas do rei Herodes, seus pais terrenos tiveram de obedecer a Deus e fugir para o Egito.  Aqueles que temem a Deus e o reconhecem em todos os seus caminhos tem a promessa de que Deus endireitará as suas veredas (Pv 3.5-7). 
Na sua providência, Deus dirige os assuntos da igreja e de cada um de nós como seus servos.  O crente deve estar em constante harmonia com a vontade de Deus para a sua vida, servindo-o e ajudando outras pessoas em nome dEle (At 18.9,10).
Devemos amar a Deus e submeter-nos a Ele pela fé em Cristo, se quisermos que Ele opere para o nosso bem em todas as coisas.

Para termos sobre nós o cuidado de Deus quando em aflição, devemos clamar a Ele em oração e fé perseverante.  Pela oração e confiança em Deus, experimentamos a sua paz (Fp 4.6,7), recebemos a sua força (Ef 3.16),a misericórdia, a graça e ajuda em tempos de necessidade (Hb 4.16).  Tal oração de fé, pode ser em nosso próprio favor ou em favor do próximo.

(Estudo Doutrinário, extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal, pág 105)


FRATERNALMENTE EM CRISTO

ELIANE DE SANTIS

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