terça-feira, 31 de março de 2020

O Concerto de Deus com Abraão, Isaque e Jacó



" ... peregrina nesta terra, e serei contigo, e te abençoarei; porque a ti e à tua descendência darei todas estas terras, e confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão teu pai;
E multiplicarei a tua descendência como as estrelas dos céus, e darei à tua descendência todas estas terras; e por meio dela serão benditas todas as nações da terra;
Porquanto Abraão obedeceu à minha voz, e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos, e as minhas leis. "

Gênesis 26:3-5

A Bíblia descreve o relacionamento entre Deus e seu povo em termos de "pacto" ou "concerto".
Esta palavra aparece pela primeira vez em 6:18 e prossegue até o NT, onde Deus fez um, novo concerto com a raça humana mediante Jesus Cristo.  Quando compreendemos o concerto entre Deus e os patriarcas (Abraão, Isaque e Jacó), aprendemos a respeito de como Deus quer que vivamos em nosso relacionamento pactual com Ele.

O nome especial de Deus, em relação ao concerto, conforme a revelação bíblica, é Jeová (traduzido "Senhor").  Inerente neste nome pactual está a benignidade de Deus, sua solicitude  redentora pela raça humana, sua contínua presença entre o seu povo, seu propósito de estar em comunhão com os seus e de ser o seu Senhor.

A divina e fundamental promessa do concerto é a seguinte: "... para te ser a ti por Deus e à tua semente depois de ti".  Desta promessa dependem todas as demais integrantes do concerto.  Significa que Deus se compromete firmemente com o seu povo fiel a ser o seu Deus, e que por amor, Ele lhe concede graça, proteção, bondade e benção (Jr 11:4).

O alvo supremo do concerto entre Deus e a raça humana era salvar não somente uma nação (Israel), mas a totalidade da raça humana. No caso de Abraão, Deus já lhe prometera que nele "todas as nações da terra" seriam benditas (12:3).  Deus estendeu sua graça pactual à nação de Israel a fim de que esta fosse "para luz dos gentios" (Is 49:6).  Isso cumpriu-se mediante a vinda do Senhor Jesus Cristo como Redentor, quando, então, os cristãos começaram a levar a mensagem do evangelho por todo o mundo (Lc 2:32).

Nos diversos concertos que Deus fez com o ser humano através das Escrituras, há dois princípios atuantes:
a) Era somente Deus quem estabelecia as promessas e condições do seu concerto, e
b) Cabia ao ser humano aceitar por fé obediente essas promessas e condições.  Em certos casos, Deus estabeleceu com muita antecipação as promessas e as responsabilidades de ambas as partes; em tempo algum, porém, o povo conseguiu, junto a Deus, alterar as condições dos concertos para beneficiar-se.

O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO
Deus, ao estabelecer comunhão com Abraão, mediante o concerto (cap.15), fez-lhe claramente várias promessas: Deus como escudo e recompensa de Abraão (15:1), descendência numerosa (15:5) e a terra de canaã como sua herança (15:7).
Deus conclamou Abraão a corresponder a essas promessas por fé, aceitá-las, e confiar nEle como seu Senhor.  Por Abraão assim fazer, Deus o aceitou como justo (15:6) e foi confirmado mediante comunhão pessoa com Ele.
Não somente Abraão precisou, de início, expressar sua fé para a efetuação do concerto, como também Deus requereu que, para a continuação das bençãos do referido concerto, Abraão devia, de coração, agradar a Deus, através de uma vida de obediência.
* Deus requereru que Abraão andasse na sua presença e que fosse "perfeito".  Noutras palavras, se a sua fé não fosse acompanhada de obediência (Rm 1:5), ele estaria inabilitado para participar dos eternos propósitos de Deus.
** Num caso especial, Deus provou a fé de Abraão ao ordenar-lhe que sacrificasse seu próprio filho, Isaque (22:1,2).  Abraão foi aprovado no teste e, por conseguinte, Deus prometeu que o seu pacto com ele (Abraão) ia continuar .
*** Deus informou diretamente a Isaque que as bençãos continuariam imutáveis e que seriam transferidas para ele porque Abraão lhe foi obediente e guardou os seus mandamentos (26:4,5).
Deus ordenou diretamente a Abraão e aos seus descendentes que circuncidassem cada menino nascido na sua família (17:9-13).  O Senhor determinou que cada criança do sexo masculino não circuncidada fosse excluída do seu povo (17:4) por violação do concerto.  Noutras palavras, a desobediência a Deus levaria à perda das bençãos do concerto.
O concerto entre Deus e Abraão foi chamado um "concerto perpétuo" (17:7).  A intenção de Deus era que o concerto fosse um compromisso permanente. Era, no entanto, passível de ser violado pelos descendentes de Abraão, e assim acontecendo, Deus não teria de cumprir as suas promessas.   Tanto que a promessa que a terra de Canaã seria uma possessão perpétua de Abraão e seus descendentes (17:8) foi quebrada pela apostasia de Israel e pela infidelidade de Judá e sua desobediência à lei de Deus (Is 24:5; Jr 31:32); por isso, Israel foi levado para o exílio na Assíria (2 Rs 17), enquanto que Judá foi posteriormente levado para o cativeiro em Babilônia (2 Rs 25; 2 Cr 36; Jr 11:1-17; Ez 17:16-21).

O CONCERTO DE DEUS COM ISAQUE
Deus procurou estabelecer o concerto abraâmico com cada geração seguinte, a partir de Isaque, filho de Abraão (17:21).  Noutras palavras, não bastava que Isaque tivesse por pai a Abraão; ele, também, precisava aceitar pela fé as promessas de Deus.  Somente então é que Deus diria: "Eu sou contigo, e abençoar-te-ei, e multiplicarei a tua semente" (26:24).
Durante os vinte primeiros anos do seu casamento, Isaque e Rebeca não tiveram filhos (25:20,26).  Rebeca permaneceu estéril até que Isaque orou ao Senhor, pedindo que sua esposa concebesse (25:21).  Esse fato demonstra que o cumprimento do concerto não se dá por meios naturais, mas somente pela ação graciosa de Deus, em resposta à oração e busca da sua face.
Isaque também tinha de ser obediente para continuar a receber as bençãos do concerto.  Quando uma fome assolou a terra de Canaã, por exemplo, Deus proibiu Isaque de descer ao Egito, e mandou ficar onde estava.  Se obedecesse a Deus, teria a promessa divina "confirmarei o juramento que tenho jurado a Abraão, teu pai " (26:3).

O CONCERTO DE DEUS COM JACÓ
Isaque e Rebeca tinham dois filhos: Esaú e Jacó.  Era de se esperar que as bençãos do concerto fossem transferidas ao primogênito, isto é, Esaú.  Deus, porém, revelou a Rebeca que seu gêmeo mais velho serviria ao mais novo, e o próprio Esaú veio a desprezar a sua primogenitura.  Além disso ele ignorou os padrões justos dos seus pais, ao casar-se com duas mulheres que não seguiam ao Deus verdadeiro.  Em suma: Esaú não demonstrou qualquer interesse pelas bençãos do concerto de Deus.  Daí, Jacó, que realmente aspirava às bençãos espirituais futuras, recebeu as promessas no lugar de Esaú (28:13-15).
Como no caso de Abraão e de Isaque, o concerto com Jacó requeria "a obediência da fé" (Rm 1:5) para sua perenidade.  Durante boa parte da sua vida, esse patriarca serviu-se da sua própria habilidade e destreza para sobreviver e progredir.  Mas foi somente quando Jacó, finalmente, obedeceu ao mandamento e à vontade do Senhor (31:13), no sentido de sair de Harã e voltar à terra prometida de Canaã e, mais expressamente, de ir a Betel (35:1-7), que Deus renovou  com ele as promessas do concerto feito com Abraão (35:9-13).

(Estudo Doutrinário, extraído da Bíblia de Estudo Pentecostal)

FRATERNALMENTE EM CRISTO

Eliane de Santis

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