Era sempre uma enorme expectativa quando meu avô ou alguma tia vinha nos visitar, pois morávamos longe uns dos outros, e por isso o tempo que ficávamos sem nos ver parecia infinitamente longo. Assim que descobríamos que a visita estava para chegar, todos em casa corriam para deixar tudo arrumado, preparado. Queríamos estar prontos, para não ter mais nada a fazer senão desfrutar do reencontro. Quanto maior a antecedência do aviso, mais nossas conversas e ações giravam em torno da notícia.
A história de Simeão me fez lembrar disso: de que também eu já havia experimentado viver à espera de alguém que sabia que chegaria. O texto da leitura bíblica não diz quando e como exatamente ele foi avisado de que ainda veria o Cristo. Talvez anos tenham se passado desde que recebera essa revelação, talvez situações difíceis tenham colocado sua fé à prova. Seja como for, ele não se esqueceu da garantia recebida e submetia-se à direção do Senhor. Foi assim que ele se dirigiu ao templo justamente no dia em que José e Maria levaram Jesus para lá. Além disso, ele poderia não ter percebido que aquele bebê diante dele era o Cristo – afinal, mesmo quando Jesus já era adulto e realizava muitos milagres, houve gente que não acreditasse que ele era o Messias. Simeão, no entanto, viu-o e reconheceu-o. A expectativa por receber quem lhe tinha sido prometido manteve-o atento.
Tal como ele, também Paulo, João, Pedro e muitos outros na Bíblia falavam da vinda do Senhor e aguardavam-na. Ou seja, para os primeiros cristãos, viver na expectativa de encontrar-se com Jesus era uma realidade cotidiana. Será que essa ideia tão poderosa também impacta o nosso estilo de vida? Será que amamos o Senhor com tal fervor que ansiamos pela sua vinda? Enquanto isso, obedecer aos seus ensinos é o que podemos fazer para ir ao seu encontro todos os dias.
(Angel de Andrade Blumer Gonçalves Larsen da Silva, Teo/A Coruña)